Ah, como é de praxe, não deixe de comentar!
Quando se entra no
mundo da Comunicação Social esperamos uma porção de novidades a cada segundo:
uma bomba no Paquistão e uma marcha pela paz na África do Sul; uma passada pela
padaria do Sr Raimundo e uma coletiva com o presidente do Brasil... Mas será
que é mesmo tudo isso?
Hoje, chegando ao
quarto semestre do curso de Jornalismo eu percebo que muito disso até pode vir
sim a acontecer, mas pode ser também que não passe de pura fantasia da minha
cabeça. A mídia no fim das contas nos vende uma visão de um mundo onde tudo o
que ocorre está lá na tela da TV, nas páginas do jornal e na narrativa do
locutor. No fim das contas, no entanto, acabamos percebendo que tudo não passa
de uma seleção rigorosa do que vale ou não uma manchete, do que mais vende, do
que promove uma marca, do que merece ser publicado ou não é de “interesse
público”.
Por outro lado, apesar
de me sentir razoavelmente “ofendida” por ver meus sonhos utópicos caírem da
prateleira, também me vi rapidamente aderindo ao movimento da internet, das
redes sociais, da sociedade logada, da
sensação dos blogs... Enfim, acabei
me tornando automaticamente uma gatekeeper
dos conteúdos que considerava aptos a circulação na rede, tudo sob as
minhas regras. E isso não ocorria só no meu espaço do ambiente virtual, mas
também se repetia nos perfis de todos os meus amigos ou seguidores da web.
Com tantos pensamentos
e atitudes contraditórias eu me dei conta que talvez, não só a mídia pautasse o
dia a dia da sociedade, das comunidades do nosso mundo contemporâneo, mas nós
também estávamos constantemente ditando as regras aplicáveis na seleção dos mass mídia.
A todo instante
milhares de pessoas acessam a internet e veiculam “notícias do dia”, tópicos de
relações, debates sobre política, economia, gastronomia, saúde... Tudo
facilmente divulgado via twitter,
facebook, e tantas outros sites de relacionamento. São temas que, quando
viram moda, chegam a ditar as notícias das plataformas midiáticas.
Vejamos o caso da jovem
Luíza, que devido ao viral de internet “menos a Luíza, que está no Canadá”
virou celebridade, passou a ser requisitada para projetos publicitários e
entrevistas em jornais de grande audiência nacional. Afinal, quem tem mais
poder sobre quem? É a mídia inserida no cotidiano ou o cotidiano inserido na
mídia? Seria talvez um ciclo vicioso?
Dia após dia
professores, pesquisadores e comunicólogos tentam compreender e repassar aos
jovens profissionais de jornalismo os segredos e desafios inerentes ao mercado,
mas aparentemente a cada resposta, milhares de outras questões tornam a
aparecer. A que ponto a mídia é capaz de interferir no desenrolar de conflitos
entre nações, lutas políticas e sociais, problemas de ordem econômica... Será
que ela é capaz de fazer cair um ditador? Será que é capaz de criar um? Pode
pensamentos de milhões serem distorcidos pelo desejo de tão poucos dotados de
material, potencial e técnica para a transmissão de informações e até mesmo
ideologias? Será que os profissionais e os donos de veículos de comunicação são
dotados de tal intenção?
Agora, com o poder que
me é concedido pela detenção de material técnico do laboratório de informática
da Universidade, eu me vejo desenhando pensamentos que podem ou não ser lidos
por um ou por muitos, que podem ou não influenciar ou fazer refletir. Caso este
texto venha a ser publicado em meu blog ou em outra plataforma que torne este
material de alguma forma público, visível a todos os detentores de material
necessário para fazê-lo, me torno então ainda mais parte de um todo nesse mundo
conectado onde é preciso ser visto para de fato ser.