segunda-feira, 5 de março de 2012

Eu, a mídia e o mundo contemporâneo

Texto desenvolvido para a disciplina de Jornalismo Especializado da PUC Campinas. Um texto opinativo para apresentação de início de semestre.
Ah, como é de praxe, não deixe de comentar!



Quando se entra no mundo da Comunicação Social esperamos uma porção de novidades a cada segundo: uma bomba no Paquistão e uma marcha pela paz na África do Sul; uma passada pela padaria do Sr Raimundo e uma coletiva com o presidente do Brasil... Mas será que é mesmo tudo isso?
Hoje, chegando ao quarto semestre do curso de Jornalismo eu percebo que muito disso até pode vir sim a acontecer, mas pode ser também que não passe de pura fantasia da minha cabeça. A mídia no fim das contas nos vende uma visão de um mundo onde tudo o que ocorre está lá na tela da TV, nas páginas do jornal e na narrativa do locutor. No fim das contas, no entanto, acabamos percebendo que tudo não passa de uma seleção rigorosa do que vale ou não uma manchete, do que mais vende, do que promove uma marca, do que merece ser publicado ou não é de “interesse público”.
Por outro lado, apesar de me sentir razoavelmente “ofendida” por ver meus sonhos utópicos caírem da prateleira, também me vi rapidamente aderindo ao movimento da internet, das redes sociais, da sociedade logada, da sensação dos blogs... Enfim, acabei me tornando automaticamente uma gatekeeper dos conteúdos que considerava aptos a circulação na rede, tudo sob as minhas regras. E isso não ocorria só no meu espaço do ambiente virtual, mas também se repetia nos perfis de todos os meus amigos ou seguidores da web.
Com tantos pensamentos e atitudes contraditórias eu me dei conta que talvez, não só a mídia pautasse o dia a dia da sociedade, das comunidades do nosso mundo contemporâneo, mas nós também estávamos constantemente ditando as regras aplicáveis na seleção dos mass mídia.
A todo instante milhares de pessoas acessam a internet e veiculam “notícias do dia”, tópicos de relações, debates sobre política, economia, gastronomia, saúde... Tudo facilmente divulgado via twitter, facebook, e tantas outros sites de relacionamento. São temas que, quando viram moda, chegam a ditar as notícias das plataformas midiáticas.
Vejamos o caso da jovem Luíza, que devido ao viral de internet “menos a Luíza, que está no Canadá” virou celebridade, passou a ser requisitada para projetos publicitários e entrevistas em jornais de grande audiência nacional. Afinal, quem tem mais poder sobre quem? É a mídia inserida no cotidiano ou o cotidiano inserido na mídia? Seria talvez um ciclo vicioso?
Dia após dia professores, pesquisadores e comunicólogos tentam compreender e repassar aos jovens profissionais de jornalismo os segredos e desafios inerentes ao mercado, mas aparentemente a cada resposta, milhares de outras questões tornam a aparecer. A que ponto a mídia é capaz de interferir no desenrolar de conflitos entre nações, lutas políticas e sociais, problemas de ordem econômica... Será que ela é capaz de fazer cair um ditador? Será que é capaz de criar um? Pode pensamentos de milhões serem distorcidos pelo desejo de tão poucos dotados de material, potencial e técnica para a transmissão de informações e até mesmo ideologias? Será que os profissionais e os donos de veículos de comunicação são dotados de tal intenção?
Agora, com o poder que me é concedido pela detenção de material técnico do laboratório de informática da Universidade, eu me vejo desenhando pensamentos que podem ou não ser lidos por um ou por muitos, que podem ou não influenciar ou fazer refletir. Caso este texto venha a ser publicado em meu blog ou em outra plataforma que torne este material de alguma forma público, visível a todos os detentores de material necessário para fazê-lo, me torno então ainda mais parte de um todo nesse mundo conectado onde é preciso ser visto para de fato ser.