segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Espelho Urbano 275 - TV PUC

Cá estava revisando os materiais que produzi pra TV nesses anos de faculdade e encontrei um link que fiz para o espelho urbano - edição 275.(é só clicar e assistir!)


Abraço e até  próxima!

domingo, 25 de novembro de 2012

Ontem eu chorei!



Lágrimas não escorreram pelo meu rosto, mas em meu peito estava presente o aperto, o estômago afundou, as pernas ficaram insensíveis e o Tobogã pareceu milhares de vezes menor.  Me senti sozinha.
Ontem acordei ansiosa em Hortolândia, tensa e o céu parecia me acompanhar nessas sensações. As nuvens escuras pareciam refletir a melancolia de quem se sente ameaçado. Mas o clima sem ventos, estático, mostrava que os céus também prendiam a respiração em expectativa.
Já em Campinas, após alguns compromissos, fui à casa de uma amiga aguardar a hora do jogo e ao tirar meu uniforme verde e branco da bolsa eis que me deparei com uma mancha grande, bem na frente, bem visível. Mas minha segunda mãe já me acalmava, pegando a camisa das minhas mãos, esfregou com cuidado o sabão, retirou a mancha e ao ver a cena eu senti que realmente era possível apagar todos os erros de um campeonato inteiro em 90 minutos. O Bugre vai vencer, vai permanecer na série B e no próximo ano estaremos ainda mais fortes, mais convictos e lutaremos pelo acesso!
As 15h07 o celular tocou, eu vesti a camisa e parti com um amigo para o campo. O time nos aguardava para este momento de tanta tensão. No caminho, fazendo piada no carro, tentando não pensar em possibilidades desagradáveis para o desfecho da partida. A chegada ao Brinco era o foco. O ingresso vendido a R$2,00 já estava em mãos, os policiais executaram o ritual de revista, a catraca engoliu e cuspiu o cartão, um copo de água foi comprado para afastar o calor, as escadas foram rapidamente escaladas e logo estávamos lá no alto, observando o gramado, ouvindo a escalação, sentindo a vibração daqueles, que como nós, carregam no peito o símbolo do amor pelo Guarani... “Eu levo sempre comigo, em todo campo que eu vou, a bandeira do Verde e Branco, símbolo do torcedor”.
Logo o jogo começa, o time se desloca de uma ponta a outra do campo, dezenas de chances de acertar os fundos das redes se seguem, mas o resultado permanece inalterado. O zero vibra aos olhos no placar luminoso.
Na volta dos times aos gramados, para o segundo tempo, as redes erradas balançam. O lado azul comemora, a torcida mista faz chacota... Mas não demora para a vibração do tobogã revelar o gol tão esperado. A onda verde se ergue, o grito de gol ressoa e o hino se faz ouvir. Assim foi o momento de êxtase que não demorou a culminar em outro gol dos pés laranja do camisa azul. As palavras que tanto cantei e berrei nos últimos anos naquele momento faziam muito mais sentido: “Na vitória ou na derrota”. Lógico que na vitória é muito mais fácil ser Guarani.
A "série C" deixou todos de cabeça baixa, o estádio se esvaziou antes mesmo do apito final, do martelo da sentença soar. Eu ainda esperei alguns minutos, vi o time sair, vi o grande Emerson parar sob as traves e agradecer em seu ritual, tirar a camisa, conceder entrevistas. Guardei as lágrimas, agradeci baixinho por seu empenho, como em oração. Ao contrário da maior parte dos que acompanham futebol, meus ídolos não são os camisa 9, mas o camisa 1. Não é a toa que sempre joguei nessa posição na adolescência.
Olhei para o amigo ao lado e pude ver como em um espelho a minha expressão de funeral. No caminho de saída do estádio todos apresentavam o mesmo semblante.
- Outro dia me disseram que era perda de tempo sofrer tanto por um time de futebol. “Não se ganha nada quando um time ganha. Quem fatura é a mídia, são as empresas patrocinadoras”. Me disseram repetidas vezes. Mas esse não é o caso do Bugre. O Guarani é o torcedor.
Ao meu lado Flávio concordou com a cabeça, e completou:
- Ele não é time Globo. Não é transmitido todos os finais de semana.
Meu amigo bugrino, muito mais do que eu, entende o momento que o time vive. Eu sou apenas uma iniciante na história do verde e branco, enquanto ele já viveu tanta história, quedas e escaladas, passagem de técnicos, jogadores, presidências.
A chuva caía no Brinco de Ouro, os céus choravam, gotas escorriam pelo rosto. As nuvens mostraram o que eu escondia no peito. 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Eu, a mídia e o mundo contemporâneo

Texto desenvolvido para a disciplina de Jornalismo Especializado da PUC Campinas. Um texto opinativo para apresentação de início de semestre.
Ah, como é de praxe, não deixe de comentar!



Quando se entra no mundo da Comunicação Social esperamos uma porção de novidades a cada segundo: uma bomba no Paquistão e uma marcha pela paz na África do Sul; uma passada pela padaria do Sr Raimundo e uma coletiva com o presidente do Brasil... Mas será que é mesmo tudo isso?
Hoje, chegando ao quarto semestre do curso de Jornalismo eu percebo que muito disso até pode vir sim a acontecer, mas pode ser também que não passe de pura fantasia da minha cabeça. A mídia no fim das contas nos vende uma visão de um mundo onde tudo o que ocorre está lá na tela da TV, nas páginas do jornal e na narrativa do locutor. No fim das contas, no entanto, acabamos percebendo que tudo não passa de uma seleção rigorosa do que vale ou não uma manchete, do que mais vende, do que promove uma marca, do que merece ser publicado ou não é de “interesse público”.
Por outro lado, apesar de me sentir razoavelmente “ofendida” por ver meus sonhos utópicos caírem da prateleira, também me vi rapidamente aderindo ao movimento da internet, das redes sociais, da sociedade logada, da sensação dos blogs... Enfim, acabei me tornando automaticamente uma gatekeeper dos conteúdos que considerava aptos a circulação na rede, tudo sob as minhas regras. E isso não ocorria só no meu espaço do ambiente virtual, mas também se repetia nos perfis de todos os meus amigos ou seguidores da web.
Com tantos pensamentos e atitudes contraditórias eu me dei conta que talvez, não só a mídia pautasse o dia a dia da sociedade, das comunidades do nosso mundo contemporâneo, mas nós também estávamos constantemente ditando as regras aplicáveis na seleção dos mass mídia.
A todo instante milhares de pessoas acessam a internet e veiculam “notícias do dia”, tópicos de relações, debates sobre política, economia, gastronomia, saúde... Tudo facilmente divulgado via twitter, facebook, e tantas outros sites de relacionamento. São temas que, quando viram moda, chegam a ditar as notícias das plataformas midiáticas.
Vejamos o caso da jovem Luíza, que devido ao viral de internet “menos a Luíza, que está no Canadá” virou celebridade, passou a ser requisitada para projetos publicitários e entrevistas em jornais de grande audiência nacional. Afinal, quem tem mais poder sobre quem? É a mídia inserida no cotidiano ou o cotidiano inserido na mídia? Seria talvez um ciclo vicioso?
Dia após dia professores, pesquisadores e comunicólogos tentam compreender e repassar aos jovens profissionais de jornalismo os segredos e desafios inerentes ao mercado, mas aparentemente a cada resposta, milhares de outras questões tornam a aparecer. A que ponto a mídia é capaz de interferir no desenrolar de conflitos entre nações, lutas políticas e sociais, problemas de ordem econômica... Será que ela é capaz de fazer cair um ditador? Será que é capaz de criar um? Pode pensamentos de milhões serem distorcidos pelo desejo de tão poucos dotados de material, potencial e técnica para a transmissão de informações e até mesmo ideologias? Será que os profissionais e os donos de veículos de comunicação são dotados de tal intenção?
Agora, com o poder que me é concedido pela detenção de material técnico do laboratório de informática da Universidade, eu me vejo desenhando pensamentos que podem ou não ser lidos por um ou por muitos, que podem ou não influenciar ou fazer refletir. Caso este texto venha a ser publicado em meu blog ou em outra plataforma que torne este material de alguma forma público, visível a todos os detentores de material necessário para fazê-lo, me torno então ainda mais parte de um todo nesse mundo conectado onde é preciso ser visto para de fato ser.